Fusão, Cisão e Incorporação: o que é e sua importância no Controle Patrimonial

Fusões, Aquisições e Incorporações: a Importância do Controle Patrimonial

Fusões, Aquisições e Incorporações: a Importância do Controle Patrimonial

 

Crescer por meio de incorporações, fusões ou cisões pode ser uma estratégia altamente eficiente, mas exige preparo técnico e controle rigoroso dos ativos. Garantir uma gestão patrimonial sólida não apenas facilita negociações justas e transparentes, mas também protege as empresas de possíveis impactos tributários e financeiros.

Em um cenário cada vez mais dinâmico, marcado por processos frequentes de fusão, aquisição e incorporação de empresas, o controle patrimonial e a avaliação de ativos tornaram-se indispensáveis. 

Esses procedimentos garantem que, no momento de uma venda ou cisão, os bens sejam identificados de forma individualizada, com números de patrimônio e valores de mercado atualizados. Isso assegura que o negócio seja avaliado com precisão, refletindo seu valor real.

Manter um controle detalhado dos bens também é essencial para calcular e monitorar as depreciações, permitindo deduções fiscais precisas e evitando erros que possam comprometer a saúde financeira da empresa. Para organizações tributadas pelo lucro real, o controle patrimonial adequado possibilita apurar o ganho de capital corretamente, promovendo economia tributária e minimizando riscos fiscais.

Além disso, essa prática evita problemas tributários futuros que poderiam comprometer os ganhos obtidos com uma venda ou reestruturação, preservando os resultados financeiros da operação e garantindo maior segurança para todos os envolvidos no processo.

Neste artigo, abordaremos a importância do controle patrimonial e da avaliação de ativos no contexto de processos como fusão, aquisição, incorporação, venda e cisão de empresas. Também exploraremos como a manutenção do controle de bens imobilizados pode impactar positivamente os aspectos fiscais e tributários, garantindo eficiência e conformidade.

 
 
 
 


O que é cisão, fusão e incorporação?

O crescimento por meio de incorporações é uma estratégia amplamente adotada pelas empresas para expandir sua participação de mercado e buscar a liderança no setor. Este processo geralmente ocorre por meio de reestruturação societária, que pode incluir:

Cisão:

  • Ocorre quando uma empresa é dividida em duas ou mais entidades independentes.
  • Cada entidade assume parte dos ativos, passivos e obrigações da empresa original.

Fusão:

  • Representa a união de duas ou mais empresas para formar uma nova entidade.
  • Os ativos, passivos e obrigações das empresas originais são combinados.

Incorporação:

  • Acontece quando uma empresa absorve outra.
  • A empresa incorporadora torna-se a única entidade sobrevivente, assumindo todos os ativos, passivos e obrigações da empresa incorporada.

Esses processos podem ser realizados por diversas razões, como busca de sinergias, expansão de mercado ou reestruturação empresarial. É importante destacar que cada um desses termos possui características e requisitos específicos, que devem ser observados de acordo com a legislação e regulamentação aplicáveis.

 

 


Qual a diferença entre cisão, fusão e incorporação

A reorganização empresarial pode ocorrer de diferentes formas, dependendo dos objetivos estratégicos e das necessidades da organização. Entre os processos mais comuns estão a cisão, a fusão e a incorporação. Cada um deles apresenta características distintas e impacta diretamente os aspectos legais, contábeis e operacionais das empresas envolvidas. Abaixo, detalhamos as diferenças principais entre esses processos.

 

Cisão

Fusão

Incorporação

Ocorre quando uma empresa é dividida em duas ou mais entidades independentes.

Representa a união de duas ou mais empresas para formar uma nova entidade.

Envolve a absorção de uma empresa por outra.

Cada nova entidade assume parte dos ativos, passivos e obrigações da empresa original.

Os ativos, passivos e obrigações das empresas originais são combinados em uma única estrutura organizacional.

A empresa incorporadora torna-se a única entidade sobrevivente, assumindo todos os ativos, passivos e obrigações da empresa incorporada.

É frequentemente utilizada para criar empresas focadas em áreas específicas de negócios ou para reorganizar ativos.

É uma estratégia comum para fortalecer a posição no mercado ou expandir operações

Geralmente, é usada para consolidar operações e aumentar a eficiência organizacional.

 
 


Cisão, fusão e incorporação: exemplos

Os processos de cisão, fusão e incorporação desempenham um papel fundamental na estratégia de crescimento, reorganização e expansão de empresas. Cada um desses movimentos representa uma forma distinta de reestruturação empresarial, impactando diretamente a gestão de ativos, passivos e obrigações.

Além de atender a necessidades específicas das organizações, esses processos podem oferecer vantagens competitivas significativas, como otimização de recursos, expansão de mercado e aumento da eficiência operacional. A seguir, apresentamos exemplos práticos de como esses processos funcionam na prática, destacando suas características e benefícios.

  1. Exemplo de Cisão:

Em 2011, a Telefônica/Vivo realizou uma cisão parcial, na qual parte de seus ativos de telefonia fixa foi transferida para a TIM. Essa movimentação possibilitou à TIM ampliar suas operações no segmento de telefonia fixa, enquanto a Telefônica/Vivo direcionou seu foco para outras áreas estratégicas de negócio.

Fonte: AssetBrazil 

  1. Exemplo de Fusão: O Itaú Unibanco S.A., atualmente o maior banco do Brasil, surgiu em 2008 por meio da fusão entre o Banco Itaú e o Unibanco, duas das principais instituições financeiras do país. Essa união deu origem ao maior conglomerado financeiro do hemisfério sul e posicionou a empresa entre os 20 maiores do mundo em valor de mercado.

Fonte: Capital Invest

  1. Exemplo de Incorporação: No Brasil, um exemplo marcante é a incorporação da Sadia pela BRF, que resultou na criação da holding Brasil Foods (BRF). Esse processo, iniciado em 2009, foi concluído somente em 2012. Com isso, marcas populares entre os brasileiros, como Sadia, Perdigão e Qualy, apesar de continuarem competindo entre si no mercado, passaram a fazer parte do portfólio da BRF.

Fonte: FB Advisory

 
 


Importância no Controle Patrimonial

O crescimento por meio de incorporações é uma estratégia que muitas empresas adotam para aumentar a participação e atingir a liderança no mercado. Este processo pode se dar por meio da reestruturação societária, seja por fusão, incorporação ou cisão.

Motivações para a incorporação

Há algumas razões que levam uma empresa a buscar essa forma de crescimento. Entre elas, está a concorrência acirrada do mercado atual. Ela obriga as empresas a buscarem por uma redução de custos de produção por meio da economia de escala, ou seja, pela diluição dos custos fixos através do aumento do volume de produção. 

Além disso, as empresas também estão constantemente na busca de se tornarem mais competitivas. Assim, é comum a busca pelo aumento da sua fatia no mercado por meio do desenvolvimento de novos produtos com maior valor agregado.

Existem também empresas que têm interesse em atingir um determinado mercado em poder da empresa incorporada. Ou aquelas com necessidade de incorporar novas tecnologias de segmentos específicos. Há ainda as que desejam se unir para se tornarem maiores e mais fortes. Enfim, existem várias razões.

Exemplo de sucesso: Um exemplo marcante é a empresa Três Corações, resultado da fusão entre a marca homônima e a nordestina Santa Clara, em 2005. Esse movimento estratégico permitiu à Três Corações alcançar a liderança no mercado de pó de café no Brasil, com mais de 20% de participação no setor, demonstrando o potencial transformador das fusões bem executadas.

Apesar das vantagens, muitas pequenas e médias empresas não possuem um controle patrimonial adequado, acreditando ser desnecessário. Porém, é importante estar preparado para passar por um processo de reestruturação societária – seja pela sua própria necessidade ou pelo interesse de terceiros. Uma negociação desse porte exige uma análise criteriosa dos aspectos jurídicos, contábeis e fiscais, além de uma avaliação precisa dos ativos da empresa.

O controle patrimonial é indispensável para garantir uma negociação justa e bem fundamentada. Para a empresa adquirente, é essencial conhecer detalhadamente os ativos que está comprando, incluindo seu estado funcional, valor de mercado e vida útil remanescente. Já para a empresa vendedora, ter um controle sólido dos bens permite avaliar corretamente seus ativos e negociar com base em valores reais.

Sem uma avaliação patrimonial robusta, ambas as partes podem sofrer prejuízos significativos, seja por pagar mais do que o valor real ou por receber menos do que o justo.

Além da avaliação patrimonial, a atenção à tributação é fundamental. No caso de empresas tributadas pelo lucro real que optem pela avaliação dos ativos a valor de mercado, a diferença entre este valor e o custo de aquisição, subtraídos os encargos de depreciação, amortização ou exaustão, é considerada ganho de capital. Essa diferença deverá ser adicionada à base de cálculo do IRPJ e da CSLL no balanço correspondente ao evento, conforme o parágrafo 2º do art. 21 da Lei 9.249/95.

Em resumo, a ausência de um controle patrimonial adequado torna impossível calcular corretamente a base de tributação, que corresponde à diferença entre o valor de mercado do bem (valor avaliado) e o seu custo de aquisição, descontando a depreciação acumulada. 

Essa falta de precisão pode resultar no pagamento de impostos em valores superiores ou inferiores ao devido, gerando consequências graves no futuro. Entre os riscos estão prejuízos financeiros significativos, multas elevadas e juros decorrentes de possíveis casos de sonegação fiscal. Por isso, é fundamental manter um controle rigoroso e preciso do patrimônio.

 
 


Saiba mais!

Entender os conceitos de cisão, fusão e incorporação é fundamental para o sucesso de processos de reestruturação empresarial. Para aprofundar seu conhecimento sobre como esses processos impactam o controle patrimonial e as estratégias de negócios, explore conteúdos complementares.

Também recomendamos os seguintes conteúdos:
👉 O que é Ativo Imobilizado?
👉 O que é Fusão de Empresas? Veja os prós e contras desta prática e exemplos
👉 Laudo de Avaliação de Empresas: Importância, Tipos e Metodologias
 
 

 
Compartilhe esse conteúdo:
 
Orlando Oda
Orlando Oda
Orlando Oda é Administrador de empresas pela PUC-SP, Mestrado em Administração Financeira pela FGV, Diretor da OTK Sistemas, AfixCode Patrimônio e Avaliações e AfixGraf Soluções Gráficas. Fez diversos cursos de linguagens de programação de computadores, sistemas operacionais (IBM, Unisys, Honeywell) e banco de dados. Carreira profissional desenvolvida inicialmente na área de tecnologia, consultoria na área de TI. Fundou e participou também de empresas de consultoria e sistema de gestão patrimonial. Desenvolve atividade filantrópica como Vice-presidente e palestrante da APSIB - Associação da Prosperidade da Seicho-No-Ie do Brasil. | LinkedIn: /in/orlandooda

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Compartilhar
Compartilhar
Twittar