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O Big Short da IA: Como a Depreciação Irreal Está Inflando os Lucros das Big Techs

O Big Short da IA: Como a Depreciação Irreal Está Inflando os Lucros das Big Techs

 

Várias Big Techs podem estar superestimando a vida útil de placas de IA, inflando lucros artificialmente. Isso cria risco sistêmico, distorce valuation e pode desencadear um impairment massivo no futuro, possivelmente o estopim de uma bolha no setor.

No último dia 24 de novembro de 2025, o famoso investidor Michael Burry, publicou na plataforma Substack a carta “The Cardinal Sign of a Bubble: Supply-Side Gluttony”, nela Burry aponta que empresas de tecnologia, especialmente aquelas investindo pesado em hardware para IA e computação em nuvem, estariam usando uma vida útil muito maior do que a real para depreciar seus equipamentos, dessa forma então diminuindo a despesa de depreciação e aumentando artificialmente o lucro nos últimos trimestres.

Continue a leitura para saber mais!

 
 

Burry foi um dos primeiros investidores a identificar que o mercado de hipotecas nos EUA estava sendo superestimado,  especialmente as chamadas “subprime mortgages” (hipotecas de alto risco). Ele previu que o estouro dessa bolha levaria a um colapso global.

Ele apostou contra (“short”) essas hipotecas, usando instrumentos financeiros como os “credit default swaps (CDS)”. Quando a crise se concretizou em 2007–2008, sua aposta se mostrou certeira e lucrou fortemente com a queda do mercado imobiliário e dos ativos lastreados nessas hipotecas. Os lucros obtidos com essa aposta deram a ele notoriedade mundial e consolidaram sua reputação como um investidor contracorrente, capaz de ir contra o consenso de mercado e se sair bem.

O filme "A Grande Aposta (The Big Short) é a adaptação cinematográfica do livro homônimo, que conta a história de vários investidores que previram a crise de 2008 entre eles, Michael Burry, interpretado pelo ator Christian Bale.

 
 


O risco da má gestão do ativo imobilizado

 
 

Uma vez que muitas empresas que investiram pesado em Capex para a construção da infraestrutura necessária para rodarem/criarem seus modelos de IA estão utilizando uma vida útil muito maior do que a real, essas empresas então estariam exibindo lucros inflados que não correspondem com a realidade. Ele chegou a estimar que essa “sub-depreciação” poderia levar a uma superestimação de lucros na ordem de US$ 176 bilhões.

Explicando no detalhe o problema

Para exemplificar o Michael Burry notou, usaremos um exemplo com dados fictícios.

Imagine uma empresa de tecnologia de IA que tenha investido em CAPEX US$ 35 bilhões, contabilmente então essa empresa adotou uma vida útil para essas placas de 8 anos, onde a vida útil estimada (por especialistas) mais adequada provavelmente seria de aproximadamente 3 anos. Veja a diferença:

 
 

Simulação

Cenário 1 - VU real

Cenário 2 - VU Superestimada

CAPEX

$ 35.000.000.000

$ 35.000.000.000

Vida Útil (anos)

3 anos

8 anos

Depreciação Anual

$ 11.666.666.667

$ 4.375.000.000

 
 


Diferença de cenário 1 - cenário 2: 7.291.666.667

 
 

Por essa simulação, dá para entender a magnitude do problema, uma diferença de mais de U$ 7 bilhões no lucro por ano.

Se os lucros reportados estiverem inflamados por causa de depreciação muito lenta, as avaliações de mercado (valuation das empresas) ficam artificialmente altas, o que aumenta o risco de correção brusca, caso investidores percebam a distorção.

Bolha em ativos de IA / hardware: O gasto massivo em data centers, servidores e chips para IA pode estar sendo justificado por expectativas de retorno irreais e se esses equipamentos forem obsoletos em poucos anos, grande parte desse investimento virá custo sem retorno real. Isso reforça a visão de Burry de que a onda de investimentos em IA/computação pode ser uma bolha.

 
 


O possível estopim da bolha

Caso essas previsões se provaram verdadeiras, o possível estopim da bolha das IA’s pode ser o teste de recuperabilidade (Impairment test) desses ativos.  Se no futuro as empresas precisam reconhecer que aquele hardware já não vale o que foi declarado, e que não gerará os benefícios econômicos esperados, a empresa deverá através do teste de recuperabilidade reconhecer essa perda o que poderia ser o estopim da bolha com uma queda forte nos balanços.

Usando os mesmos números do exemplo, vamos supor que após 3 anos utilizando essa VU maior, a empresa tenha que reconhecer a perda por impairment:

Obs: para fins do exemplo, vamos considerar que o valor recuperável pela venda do hardware obsoleto seja de 5% do valor de custo.

CAPEX

$   35.000.000.000

Vida útil (anos)

8

Depreciação anual

$     4.375.000.000

Depreciação acumulada (3 anos)

$   13.125.000.000

Valor recuperável

$     1.750.000.000

Valor contábil (4º ano)

$   21.875.000.000

Estimativa de perda (Valor contábil -  valor recuperável)

$   20.125.000.000

 Nesse exemplo fictício, essa empresa teria que reconhecer uma perda de US$20 bilhões. O que muito provavelmente, seria o estopim da bolha e uma queda no preço das ações.

 
 


A solução (visão do especialista)

Desde a adoção das Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS) algumas sutilezas da norma passam despercebido por quem não é especialista no tema, segundo o item 51 do CPC-27 (norma brasileira que rege sobre o ativo imobilizado), anualmente as empresas devem revisar se as expectativas da vida útil diferem das estimativas anteriores, e caso existam diferenças, deve-se reajustar a nova vida útil estimada para o próximo exercício. A norma também ressalta para que a mesma revisão seja feita para o teste de recuperabilidade (CPC-01).

Portanto, a solução para esse problema seria adotar inicialmente uma vida útil que seria de consenso pelo mercado entre 2 e 3 anos e anualmente no final do exercício refazer o estudo da vida útil, aumentando ou diminuindo para o próximo exercício adequando assim a realidade operacional e tecnológica.

 
 


Saiba mais!

A boa gestão do imobilizado e a adequação às normas é fundamental para a saúde financeira e longevidade dos negócios. Inclusive boas empresas podem ter problemas sérios se negligenciar e não tratarem o patrimônio com sua devida importância.

Se sua empresa deseja revisar a vida útil de ativos, alinhar-se às normas contábeis e evitar riscos ocultos como este, nosso time pode ajudar. Fale com o time comercial: [email protected]

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Glauco Oda
Glauco Oda
Glauco Oda é bacharel em Ciência da Computação formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e em Ciências Contábeis pela Universidade Paulista (CRC 1SP326596), atual CEO da AfixCode Patrimônio e Avaliações, e sócio/diretor da OTK Sistemas e AfixGraf Soluções Gráficas. Carreira profissional toda desenvolvida na gestão do controle do Ativo Imobilizado, tendo participado de todas as fases e inúmeros projetos em mais de 20 anos de atuação profissional. | LinkedIn: /in/glaucooda

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